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MAMONAS ASSASSINAS



Atenção Creuzebeck! Ao toque de quatro já vai.

Já, já ,já ,já vai...


Puts, hoje faz vinte anos que os Mamonas se foram. Digo se foram, porque não dá pra falar que morreram, já que a lembrança deles permanece muito viva ainda.


Lembro-me perfeitamente. E essa, das lembranças antigas, é uma das melhores e mais claras.


Estávamos eu, minha mãe, e uma amiga dela no carro, que estava parado, esperando o trem passar.


O calor de São José do Rio Preto não favorecia em melhorar o humor, e o trem pra ajudar, era infinito. Sério, tipo, muitos vagões.


Estávamos ali, os três, entediados com a transmissão do rádio, até que uma música maluca começou a tocar, embalada por um arranjo legal, e com uma voz esquisita. Prontamente aumentamos o volume, e frases fantásticas agraciaram nossos ouvidos.


"Pois você é minha pitchula, me deixou legalzão"


Nem Shakespeare chegou perto disso.


Não sei nem o que dizer sobre "peraê que tem mais um pouquinho de uuuuu".


Me lembro das risadas durante aquele pequeno intervalo de tempo, 3:23 minutos para ser exato. Era a primeira vez que ouviámos aquela banda, que por sinal não sabíamos quem eram.


Não sabíamos quem eram, e muito menos o que estava pra acontecer nos próximos meses.


Findada a música, ficamos ali pensando (felizes agora, apesar do trem ainda passando), o que havia sido aquilo? Aquilo havia sido, o que penso eu (e talvez mais um bocado de milhares de brasileiros) a melhor banda que já passou pelo nosso país, quiçá na Via-Láctea.


A carreira meteórica deles agradou a todo tipo de pessoas, abraçando alguma coisa como três gerações, ou até quatro em alguns casos. Mas é claro que nem todo mundo gostava. Pois presente em toda época e local, além dos babacas, temos os chatos (podendo várias vezes, serem a mesma pessoa).


"eles falam muitos palavrões".


Falavam, mas e daí? Você não fala por acaso? Pode palavrão em tudo, pode xingar a coitada da mãe do juiz no campo, pode xingar o melhor amigo de tudo que é nome quando o encontra, mas não pode na música?


Quer dizer, não pode na música nacional, aparentemente. Porque boa parte das músicas estrangeiras que as pessoas cantam, sem fazer a menor idéia do que significam, são atulhadas de palavrões (da época não vou lembrar, mas o “lollypoop” da música “candyshop”, de fato não é o que se vende por aí).


Uma outra coisa que me vem a memória, sempre que lembro deles, é o triste fato de eu não poder ter ido no único show que ocorreu na minha cidade. Lá na mesma infernalmentequente São José do Rio Preto, não pude ir porque era menor de 12 anos.


MENOR DE 12 ANOS!!!


Olha isso. Hoje em dia a galerinha de 12 anos dança Parara-tim-bum (e não é a versão da Branca de Neve e os sete anões). Sei lá, não estou preparado pra isso.


Me chame de antiquado se quiser. Mas na minha época, antiquado era quem não gostava de Mamonas.


É bizarro eu sei, mas acho mais aceitável uma criança cantar "comer tatu é bom" sem saber o que está por trás dessa frase, até pelo tom cômico da música, do que ficar cantando e dançando letras de funk que são puramente sexistas, explicitamente, ou não.


Pra finalizar, farei um breve comentário sobre o relato de um amigo, o Baia. Relato este que ele me contou já á alguns anos, por isso peço desculpas antecipadas por algum erro na descrição dos eventos.


Andava esse tal amigo pelas ruas de São Paulo, uma rua que não me recordo o nome, mas que era cheia de lojas caras (também não tenho mais certeza disso, mas pouco importa). Pois ele andava por ali, quando um carro passou por perto, conversível. Os pais na frente, e o filho(a) no banco de trás, braços pro alto (imagino que não todos, algum deles o motorista deve ter conservado ao volante, ou não) todos cantando e dançando "Mundo Animal", pra todo mundo ver ouvir.


Pra quem vive em um mundo onde muitas pessoas acham que é legal enfiar um som com capacidade de buzina de navio dentro de um carro, e sair por aí com ele, tocando musica ruim (mesmo que fosse boa, seria incômoda) na maior altura, bom, uma visão dessas é um presente dos céus.


Pretendo repetir esse ato no futuro, com a família que eu vier a ter. Talvez não seja em uma rua de lojas caras, muito menos um carro conversível, mas eu já estaria muito, mas muito satisfeito se fosse numa Brasília, e ela fosse amarela.


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