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BULA DE REMÉDIOS


Esses dias eu fui tomar um remédio que nunca tinha tomado, e como de praxe, li a Bula. Sim, ainda existem pessoas (antiquadas) que se aventuram por tão enigmáticos pergaminhos de letrinhas miúdas. Rapidamente fiquei espantado com o tanto de efeitos colaterais que o dado remédio poderia causar. O que me levou a crer que, basicamente, ao tomar um remédio você está fadado a dois destinos:


(A) - cura dos sintomas

(B) - não cura dos sintomas


Sendo que o efeito (B) tem uma probabilidade "X" de causar efeitos colaterais que:


(A) - passarão sozinhos

(B) - necessitarão de outros remédios para curá-los.


Para o caso de (B) (sendo o segundo (B) e não o primeiro (B)), será necessário tomar algum medicamento que:


(A) (que é o terceiro (A) e não o primeiro (A), e muito menos o segundo (A)) - vai curar a síndrome causada por uma coisa que deveria ter curado uma primeira síndrome (que por sinal ainda não foi curada, mas deixemos isso pra lá, se não a formula vai estender-se ao infinito)


(B) - vai causar novos efeitos colaterais baseados em uma probabilidade (Y), que pode ser tida como (Y+1) caso ocorra com algum resquício de outro medicamento na corrente sanguínea e este for reagente com as novas substancias ministradas.


Para o caso de (A) (que é algum dos (A)s citados nesse texto), nem tudo está resolvido, tem-se ainda que curar a primeira doença, a causadora de toda essa matemática, aventura-se a um novo remédio? Se sim, segue-se a mesma fórmula, se não, bom, existem simpatias, homeopatias, morte, dor, perebas, agonia, e paciência, a sua escolha.


Já para o caso de (B), chegamos a uma formula de (X*Y) ou (X*(Y+1)), a decisão de qual formula escolher é simples: baseia-se na fácil leitura e análise das bulas e na confirmação de quão reagentes entre si as substancias químicas de nomes confusos (1,2,3-nitratopentecostal, carbonunculo-de-firulas, alfa-metaestratagema) presentes nos dois remédios são.


Digo mais, ao final da bula, deveria ser encontrada a seguinte indicação: Atenção, compre tal remédio em caso de reações adversas.


Sendo assim, as farmácias deviam mudar sua forma de alocar os remédios, deveriam classifica-los não pelas curas esperadas, mas pelos efeitos colaterais possíveis. Então, quando um paciente pedir um "remédio para gripe" o farmacêutico o indagará: Sim, você quer o que pode causar acnes na face? Calvice? Pressão alta? Doenças do fígado? Disfunção erétil? Ou todas as alternativas?


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