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RAMPAS


Certa vez li um texto sobre escadas: suas funcionalidades, tipos e modus operandi. O texto em sua genialidade, descrevia minuciosamente a forma correta de se utilizar tal aparato. O que eu nunca li, nem mesmo sei se existe, é um manual de classificação para rampas (pois as instruções são facilmente adaptáveis do manual de escadas).


Rampas são, assim como a escadas, manifestações geométricas corriqueiras do mundo real. Postulado isso, me deparei com a dúvida de classificá-las ou não na família das escadas, decidi que sim, posto que uma rampa é apenas uma escada desprovida de arcada dentaria. O passo seguinte seria em classificá-las como uma evolução ou protótipo da escada. Optei pelo protótipo, já que na natureza me recordo de numerosas coisas mais semelhantes a escadas banguelas, ou seja, rampas.


Basicamente existem quatro tipos de rampas: as fáceis de subir, as impossíveis de descer, as insubíveis, e aquelas que uma vez lá em cima descer se torna quase um convite, pra não dizer um desejo.


A última é muito presente em parques de diversões, brinquedos e pistas de skate. Acho que podemos considerar também certos corrimãos de escadas. Pois alguns eram demasiadamente largos a ponto de comportar uma criança sentada. Me recordo particularmente de um, cujo na minha infância, após escorregar nele por vezes a fio, cair de cabeça no concreto, no meio do pátio da escola. Por conta disso deduzi que rampas devem ser operadas com os pés e não com a bunda.


As fáceis de subir você só encontra quando não está carregando peso em demasia, e a temperatura está amena (uma vez que necessitam fatores combinados, tornam-se raríssimas).


As impossíveis de descer deveriam mudar de nome para “impossíveis de descer e sair de forma íntegra”. Geralmente do tipo molhadas, ou terminam de forma abrupta em uma curva, anteparo, precipício, arbusto de urtigas, e outras coisas presentes apenas no conjunto das coisas agradáveis a que um ser humano pode se acometer.


Por fim, temos as insubíveis. Estas se enquadram mais no campo da psicologia que o da engenharia. São rampas por vezes mínimas, mas com um poder desestimulante colossal, como a rampa da garagem após chegar bêbado da balada, ou a da entrada da casa da sogra, quando esta lhe pede gentilmente para carregar as compras da feira.


E tudo o que você queria era poder empurrar ela lá de cima.





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