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O QUE NÃO MATA, ENGORDA


Em algum Salmo, Mateus ou Tiago (ou algum outro da turminha que Michelangelo fotografou), existe um versículo perdido que diz "e no terceiro dia, quando Jesus retornou, estava com as bochechas gordas e ostentava uma barriguinha".


Pois essa é, sendo a única e verdadeira origem do lugar comum "o que não mata engorda".


Todos conhecem a saga de Jesus, que após carregar uma cruz feita de dormentes de trilho de trem, usar uma coroa de espinhos, passar pelo açoite de chicotes e pedradas, ser pregado com três pregos (para o quarto deu-se algum fim que é melhor deixar fora das especulações), e como se não bastasse tanta dor, ser ainda perfurado pela aquela que viria a ser conhecida como Lança do Destino, desfalecer nos braços de sua mãe, para voltar alguns dias depois.


Deduz-se usando da lógica, que se Jesus voltou, logo ele não morreu. Ou então não morreu de forma propriamente dita, como dizem os médicos ao ver um corpo humano exercendo o mesmo tanto de funções orgânicas que um tijolo, e escrevendo em sua ficha "paciente vivo, morte cerebral ainda não ocorrida".


Pois se Jesus, após tantos flagelos ganhou lá seus quilinhos, o que o futuro reserva para sobreviventes de fuzilamento, queda de avião e acidentes de trem? Ou ainda para que escute na íntegra a discografia do Belo.


Se para esse ditado for aplicada a lei da proporcionalidade, é cabível imaginar que uma vítima (e sobrevivente, atenção, pois essa condição é essencial) de espancamento por uma torcida enfurecida venha a se tornar o Jô Soares, e que um atropelamento envolvendo uma locomotiva e uma bicicleta acabe resultando em alguém do tamanho do Faustão.


Ô LOCO BICHO!







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